sábado, 5 de outubro de 2013

GREGÓRIO FRĄCKOWIAK - Missionário e Mártire SVD

Via Flickr:
Por Padre João Ladeira
Provincial SVD Angola

GREGÓRIO FRĄCKOWIAK - (1911-1943) - Missionário e Mártire SVD

Porteiro e Encadernador
Era o caçulê dos nossos irmãos mártires, tinha 34 anos quando foi decapitado o dia 05 de Maio de 1943 na prisão de Dresden. O Irmão Gregório ofereceu conscientemente sua vida em lugar dos outros. Sua decisão de apresentar-se como responsável de uma acção que não tinha cometido, salvou a vida a várias pessoas – incluído um irmão de pai e mãe – assim como de serem encarceradas. Este gesto heróico o faz semelhante a outro mártir na mesma guerra: S. Maximiliano Maria Kolbe, quem também ofereceu sua vida em lugar de outro prisioneiro que tinha família, no campo de concentração de Auschwitz.
Gregório era o seu nome de religioso. Seu verdadeiro nome de baptismo era Bolesław Frᶏckowiak, nascido em Łowęcice -- pequena aldeia no longe de Poznan --. Um entre doze irmãos e irmãs, cresceu num clima profundamente religioso. Aos 18 anos entrou no Noviciado de Górna Grupa. Desde o início mostrou grande alegria por ser Irmão Missionário SVD. Trabalhou como porteiro e como encadernador profissional na gráfica SVD. A gente da zona recorda-o como uma pessoa de grande sensibilidade para com os pobres. Recebia numerosas visitas pois era sabido que oferecia sempre alguma coisa para comer, acolhia com o coração e tinha sempre uma boa palavra para cada um. Há quem o chamava “amigo dos pobres”. Sua gentileza, simplicidade e profunda espiritualidade eram apreciadas também pelos estudantes do seminário, que alegravam-se de sua presença e a quem procuravam para pedir conselho. Seu trabalho de encadernador na gráfica era considerado exemplar tanto pelos empregados leigos como pelos próprios irmãos de comunidade.
Quando o Ir. Gregório emitiu os Votos Perpétuos no dia 8 de Setembro de 1938 estava profundamente convencido de que estava oferecendo sua vida a Deus para a missão de Cristo e da Igreja. Não tinha a menor ideia de que bem cedo iria viver radicalmente este compromisso através da caridade heróica.
Iniciada a Segunda Guerra Mundial, o Ir. Gregório formava parte da comunidade de Górna Grupa. Quando esta casa foi convertida em campo de concentração de sacerdotes, os Irmãos foram obrigados a sair da mesma. Durante algum tempo, o Irmão viveu com alguns parentes em Poznan, onde serviu como sacristão na paróquia de S. Martin. Ensinou também o catecismo as crianças e até baptizou algum recém-nascido em perigo. Um dia o pároco foi arrastado pela Gestapo sem prévio aviso. As Sagradas Espécies ficaram na igreja, onde não havia possibilidade de continuar a manter-lhas em segurança. O Ir. Gregório assumiu a responsabilidade de distribuir a comunhão entre os fiéis. Durante todo um dia e uma noite, ele e outros fiéis permaneceram em adoração perante o Santíssimo Sacramento. Depois, com grande reverência, ele distribuiu a Comunhão entre os presentes, até esgotar as Sagradas Espécies.
O Ir. Gregório pôde encontrar trabalho numa gráfica de Jerocin, una pequena cidade não longe de sua casa. Como muitos outros recebeu material de propaganda antinazi. No entanto, o Pe. Paulo Kiczka, SVD, aconselhou para não receber mais nem difundir esse material, e ele obedeceu ao seu confrade. Um ano depois foram descobertas essas actividades pela Gestapo – a Gestapo era a polícia secreta do regime nazi --. Numerosas pessoas foram arrastadas, e o Ir. Gregório soube que também era procurado pela Gestapo. Em segredo voltou para visitar o Pe. Kiczka, quem lhe aconselhou esconder-se em Poznan. Mas o Irmão tinha outra ideia. Entre os arrastados havia homens que tinham família, esposas e filhos. Não se salvariam eles sim o próprio Irmão se apresentava assumindo toda a responsabilidade desta campanha antinazi? Falou com o seu Director Espiritual: “Será que posso eu assumir esta responsabilidade. O director espiritual – Pe. Kiczka – lhe respondeu: “Se tu tens a coragem e a força, lembra que isso significará sacrificar tua vida”. Gregório confessou, recebeu a Sagrada Comunhão, depois da acção de graças, deu a mão ao confrade e disse: “Ate voltar-nos a ver-nos, mas não nesta terra”.
Voltou a sua casa, onde foi arrastado no seguinte dia. “Confessou” o seu crime e imediatamente depois alguns dos outros suspeitos foram postos em liberdade. Gregório foi levado da prisão de Jerocin à de Poznan, e finalmente a Dresden, onde foi decapitado. Unas horas antes de sua morte, Gregório escreveu a seus parentes. Algumas poucas frases desta carta revelam sua disponibilidade a morrer: “escrevo-lhes pela última vez neste mundo. Quando receberem esta carta já não estarei entre os vivos. Hoje, quarta-feira (5/5/1943) às 18,15 serei executado. Por favor, rezem por mim. É o meio-dia, e as 14 horas um sacerdote me irá trazer Jesus. Não chorem mas rezem por mim. Confio a vossa discrição o modo como comunicar a minha mãe o modo como cheguei a morrer. Sinto-me totalmente em paz. Saúdo-vos a todos e vos espero na presença do Senhor. Por favor, cumprimentem a todos os meus Irmãos Missionários de Bruczków. Depois de minha morte levai a minha batina a eles. Que Deus vos abençoe. Permanecei sempre católicos fiéis. Perdoai-me quaisquer minha falta. Sinto-o por minha coitada mãe. Que Deus vos proteja. Até voltar-nos a ver no céu”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário