sábado, 5 de outubro de 2013

Santo José Freinademetz - Missionário SVD

Via Flickr:
Por Padre João Ladeira
Provincial SVD Angola

#### INTRODUÇÃO
Um missionário é um mistério. E é isso mesmo que ele deve ser, já que o Mistério de Cristo é anunciado por ele, e nele é revelado. Todos os missionários do Verbo Divino partilham a Missão do Verbo, enquanto aportam caminho e luz aos homens de hoje.
O Padre José Freinademetz, um dos dois primeiros missionários do Verbo Divino, imaginava a missão como pão dado aos famintos. Através do anúncio da Palavra, ele levaria aos outros o Pão de vida e de luz. Toda a sua vida missionária passou entre os chineses: os amou e foi amado por eles. As suas obras foram expressão do seu profundo amor por eles. No Domingo das Missões do ano 1975, o Papa Paulo VI, salientou este amor declarando: «Ele foi chinês com os chineses, como S. Paulo foi todo para todos, a fim de ganhar todos para Cristo. Assemelhou-se aos chineses não só através do seu modo de vestir, suas maneiras exteriores e sua língua, mas também pelo seu estilo de vida, os seus pequenos hábitos quotidianos, a até o seu modo de pensar».
Porem, a adaptação não foi assim tão fácil. Ele era homem do seu tempo, última metade de século XIX, época em que os europeus impuseram a sua presença colonial ao velho império chinês. Também no modo de fazer missão na altura – bem longe ainda da tolerância religiosa avançada pelo Vaticano II – onde os não-cristãos eram considerados como inimigos pessoais de Cristo. Tendo em conta tudo isso, podemos admirar até que grado o Pe. Freinademetz foi chinês com os chineses.

#### HISTÓRIA DE UMA VOCAÇÃO
Nasceu em 1852, no município de Abtei-Badia, pequena aldeia do Sul do Tirol, na altura território do Império Austríaco, e actualmente pertencente a Itália.
Como membro duma pequena etnia, os ladinos, o jovem Freinademetz habituou-se a interessar-se por outros povos, por compreende-los e ama-los. A sua língua materna era semelhante à dos italianos do alto Trentino, e era o italiano a língua eclesiástica dos ladinos. Já na escola primária inicia com a aprendizagem do alemão, e foi nesta língua que realizou os estudos teológicos. O facto de o seu país natalício compreender diversas nacionalidades alargou sem dúvida a sua visão.
O interesse do jovem Freinademetz pelo trabalho missionário nasce nos anos da escola secundaria em Brixen, sede episcopal da sua diocese. Um dos seus professores foi grande amigo das missões, e lia nas aulas extractos de sua correspondência com missionários de África. Costumava convidar os missionários a Brixen, e até numa ocasião fez vir um jovem africano. A ideia missionária foi tomando posse do jovem José. Queria, ele mesmo, levar a Palavra divina aos seus irmãos para tirar-lhes a sua fome espiritual e material.
Uma homilia sobre a lamentação do profeta Jeremias: «As crianças pediam pão e não houve quem lho desse», ainda aprofundou mais este desejo. A ideia de José Freinademetz sobre os povos não-cristãos caracteriza-se, como não podia ser menos, por uma interpretação largamente superada hoje, restritiva do princípio Extra Ecclesia nulla salus. Se supõe que a salvação apenas é possível dentro da Igreja Católica, e as religiões não-cristãos outra coisa não são do que pura idolatria.
O jovem Padre Freinademetz fala claramente ao respeito nas suas homilias. Em 1874, faz menção da China pela primeira vez: «Vou falar hoje dos nossos coitados irmãos, que mais do que outros experimentam a miséria do mundo... Os chineses, por exemplo. Ali, uma mãe pode perder o seu filho por ser oferecido aos ídolos; um pai não hesita em arrojar o seu filho nas chamas perante um boneco; um esposo pode enxotar de casa a sua mulher para agradar aos deuses. E não penseis que isso acontecia antes de Cristo. Ainda hoje, há povos infortunados que gemem nas trevas do paganismo».
A meados de Julho de 1878, José Freinademetz, Padre diocesano de Brixen, encontra-se pela primeira vez com Arnaldo Janssen, fundador dos Missionários do Verbo Divino. Voltando de Roma, tem-se aproximado de Brixen para ver o Pe. Freinademetz, quem tinha escrito repetidas vezes a Steyl. Juntos aproximam-se do Bispo de Brixen, apresentando-lhe o desejo do Pe. Freinademetz de se consagrar às missões: «O bispo de Brixen diz não, mas o bispo católico diz sim. Tomai o meu filho José, e fazei dele um bom missionário!».
Assim, com a bênção do seu bispo, sete semanas mais tarde, José Freinademetz chega a Steyl. Depois de dois dias, escreve as suas primeiras impressões numa carta à família: «Esta casa é verdadeiramente uma casa de Deus. Sinceramente, do pouco que já vi nestes dois dias, posso dizer sem exagero: jamais tinha visto alguma coisa de semelhante, nem no Seminário Menor nem no Maior lá em Brixen. O zelo e a simplicidade dos estudantes, os esforços que eles fazem, são algo novo para mim. Apesar de da sua juventude, eles sabem que deve-se tomar a vida a sério. Este espírito não pode vir senão do ardente desejo de ser missionários. Por isso estou contente aqui, e dou graças ao Senhor por poder cá estar... Já iniciei o aprendizado da língua chinesa!».
José Freinademetz ficou apenas seis meses em Steyl. Em Março partiu para a China – junto com o seu confrade João Baptista von Anzer -. O dia anterior à partida, Arnaldo Janssen lhes tinha dito: «Felicito-vos, porque o dia que tanto tendes desejado, já chegou. Sem dúvida, no caminho até ao embarque ireis encontrar-vos com pessoas a quem amais, chorando, e o vosso coração ficara tocado... Quem ama o seu pai e sua mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim...Partis para a China. Não sabeis o que Deus vos ira a pedir ainda, nem se Ele ira a fazer frutificar o vosso trabalho. Não sabeis nem se lá chegareis. Mas uma coisa é segura: Deus não deixará sem recompensa vossa boa vontade. Ide então sossegadamente a esse futuro incerto. Vão levados na palma da mão do bom Deus, e as nossas orações vos acompanharão».
A 15 de Março, depois de uma última visita à família – que jamais voltará a ver -- o Pe. Freinademetz embarca para a China cheio de zelo pelos chineses que ama como irmãos em Cristo. Tinha grandes expectativas. Pergunta-se como serão as gentes com as que vai trabalhar, que ele confia converter para o seu Senhor. No mais fundo do seu ser acredita que os chineses suspiram por compreender a Boa Nova. A sua decepção será grande. Na viagem, fica admirado dos muçulmanos que cumprem os seus deveres religiosos em público sem reparo nenhum. O Pe. José que nunca tinha tido contacto com não-cristãos, escreve numa carta: «Por seu comportamento digno, manifestam que não rezam por dever, nem por farisaísmo» Fica assim mesmo impressionado pela tolerância dos passageiros que assistem às práticas dos muçulmanos. Tem alguns chineses a bordo, mas ele não entra em contacto com eles. Em Ceilão, conversa longamente – em latim – com um diácono chinês acerca da situação do país.
Chega a Hong Kong a 20 de Abril de 1879, com o Pe. Anzer. As suas primeiras impressões são enviadas por correio a Steyl, aos familiares e amigos. Podemos constatar que perduram ainda os ideais da sua juventude. Condena os costumes religiosos dos chineses sem tentar compreende-los. A 28 de Abril de 1879, em sua primeira carta declara: «Nesta cidade vivem cem mil pessoas, e apenas mil são católicas. Quase todos são pagãos. Praticam uma espécie de religião em que fazem oferendas aos ídolos: porcos por exemplo. Mais olhai, apenas oferecem o fumo, porque a carne são eles mesmos que comem. Sobra dizer que este fumo deixa os ídolos bem contentes!».
Neste momento de sua vida, o Pe. Freinademetz não pode imaginar que um povo não-cristão seja bom. Assim, no início, ele falará sempre da "desgraçada China", e dos "coitados chineses". O seu caso é como o de aqueles que chegam a um país estrangeiro pela primeira vez: só vem o que é diverso, o que vai mal. Só aos bocados é que vão percebendo o que tem de bom e de belo. Também em José Freinademetz dá-se uma mudança de pensamento, que vai de passo com a sua verdadeira devoção missionária. Numa carta aos seus pais escreve: «Quando vejo estes coitados chineses aprofundados nesta miséria, e que eu sou seu missionário e poderia ter sido um deles, os olhos enchem-se de lágrimas».

#### CHEGAR A SER CHINÊS COM OS CHINESES

O comportamento do Pe. José ao respeito dos chineses muda tão radicalmente que isso exige alguma explicação.
Após ter reparado apenas nos aspectos negativos, vai aos bocados descobrindo outros aspectos positivos. Inicia por admirar os monumentos e obras de arte – fruto de milhares de anos de história. Experimenta a gentileza dos chineses. O descobrimento dos costumes manifesta uma vida de família muito profunda, e também uma moralidade pública exemplar. Repara também que as ideias que ele tinha tido muito tempo na sua cabeça, não era conformes à verdade nem à caridade. Alem disso medita muito na razão da sua presença na China: o seu projecto missionário.
As condições fundamentais para todo êxito missionário são a estima, a simpatia, o amor para com as gentes a quem deve anunciar a Boa Nova de Cristo Jesus. Inconscientemente, José Freinademetz ira-se adaptando ao seu novo ambiente. Assim o põe de manifesto as cartas que vai escrevendo.

### Adaptação
Desde sua chegada a Hong Kong, recebe um nome chinês. Todos os missionários ocidentais recebiam um, porque para os chineses, os nomes ocidentais são pouco menos do que impronunciáveis. Como a primeira letra do seu nome é uma F, foi chamado FU, nome chinês de «fortuna, sorte». Acrescentou-se Shen-Fu, que significa "Pai espiritual", assim ficou o seu novo nome como FU SHEN-FU.
Em 02 de Junho de 1880, numa carta escrita a Steyl, descreve as suas vestes: «Visto-me como os chineses: uma camisa cumprida até aos pés, de cor clara, calções brancos, e uma espécie de camisola ampla, de cor azul; cabeça totalmente rapada, coberta com um solidéu».
A um amigo escreve: «O calor é bem suportável com as vestes chinesas. São muito ligeiras, dá a impressão que não se leva nada sobre a pele, e tão largas que parece têm espaço para várias pessoas. Alem disso é muito confortável. O que encontro esquisito é não levar nada na cabeça. Cada semana rapo a cabeça como tu limpas a barba. E ainda, devo fazer uma espécie de trança, é impensável um homem andar sem a trança dele. Se me visses deste jeito com certeza que romperias a rir. Mas é necessário fazer assim para salvar as almas».
O Pe. Freinademetz habituou-se facilmente à alimentação chinesa: «É totalmente diferente do que a nossa. Mas eu gosto, e fico tão contente com o meu peixe e o meu arroz sem mais aditamentos”.
O desejo de ser um bom missionário encorajou-o para aprender bem a língua do país e adaptar-se à sua cultura. Sem mentir, ele pôde escrever: «Vou ficando pouco a pouco chinês». Mas como a jovem Congregação do Verbo Divino ainda não tinha um território próprio de missão, os dois primeiros missionários do Verbo Divino, os Padres Anzer e Freinademetz trabalharam em Hong Kong, junto a Mons. Raimondi, amigo do Pe. Arnaldo, e bispo dessa diocese. Este destino era necessariamente temporário, porque o dialecto chinês lá falado era bastante distinto do falado no Norte. O Pe. Freinademetz inicia a sua actividade em Shan-tung em Março de 1892. Todo contente de começar a ser chinês com os seus fregueses, estuda de novo a língua local. Devem evangelizar um imenso território com 9 milhões de pessoas. As cartas e relatórios enviados a Steyl e à família manifestam como vai gostando dos costumes chineses.
Também estuda o carácter chinês: «Os chineses são muito inteligentes e talentosos. O último dos camponeses fala como um doutor, e sabem muitíssimas expressões literárias».
Um relatório ao Fundador demonstra a mesma compreensão e simpatia: «As fortificações datam dos anos 1850-60, quando bandos de revoltados invadiram o país. Então os camponeses desesperados refugiaram-se nas montanhas com tudo o que poderia servir-lhes. Fortificaram-se do melhor modo que puderam. Quando a gente nos conta os seus sofrimentos dificilmente podemos conter as lágrimas. A verdade, para estes camponeses, a pobreza é suportável porque, em primeiro lugar estão já habituados, e em segundo lugar, porque os chineses são sóbrios por natureza. Assim não se preocupam demais pelo amanhã. Estão sempre dispostos a grandes sacrifícios e a trabalhar duro para procurar-se o que precisam. No que refere-se à gentileza e a hospitalidade, ninguém pode-se comparar com eles. O simples camponês é tão gentil como o citadino cultivado. Desde que você entra numa casa, todos se levantam, e quando você sair, vão uma boa distância para acompanhar, mesmo se você é para eles um simples estrangeiro. Segundo a vossa idade, eles chamar-te-ão de irmão ou de primo. Se viajando perguntas pelo caminho, deves referir-te ao teu interlocutor de irmão, primo, ou mestre. Do contrário, mesmo se ele é um mendigo, não te responderá nada. Eu fico admirado frequentemente da instrução que têm estes humildes camponeses. Muitos provêm de famílias com três mil anos de história. O povo simples faz citações de Confúcio, o "homem santo", como eles lhe chamam. Aprendem de cor provérbios bem profundos».
Que contraste com as primeiras opiniões do Pe. José sobre os chineses. Esta mudança de atitude encontra a sua razão fundamental no facto de ter chegado a se assemelhar aos chineses não apenas no fato, mas no coração.

### Simpatia
Desde então, o grande afecto do Pe. José pelos chineses converte-se em algo tão forte, que apenas vê os aspectos positivos. Não tolera juízo algum e de ninguém desfavorável, sobre tudo da parte dos novos missionários.
Um dos seus confrades diz dele ao respeito: «Provavelmente chocado por algum dos meus juízos desfavoráveis, o Pe. José pôs-se a tecer elogios dos chineses. Exaltou o seu carácter, o seu sentido ético, a sua vida de família. Ele amava de tal modo os chineses que não suportava nenhum juízo negativo a seu respeito. Isso não significa que ele não tivesse consciência dos seus defeitos; ele actuava como uma mãe indulgente. Isso prova que foi um verdadeiro missionário. Um missionário na China deve amar os chineses, este princípio domina as suas palavras e os seus actos».
Como Superior, ele deu muitas palestras aos seus confrades. Expõe o tipo de relação a ter com os chineses: «Se vocês não amam, e não são amados, a vossa obra missionária é uma perda de tempo. Amai os chineses. Sedes amáveis e hospitaleiros, não sejais estritos e severos».

#### O DOM DE SI MESMO.

### Trabalho Missionário
Como trabalhou o Pe. Freinademetz em Shan-tung meridional, de 1882 até 1908? Apresentamos um resumo destes 26 anos. Os primeiros missionários da Congregação do Verbo Divino, os Padres Anzer e Freinademetz, iniciaram o seu apostolado a princípios do ano 1882. À sua chegada, o território de Shan-tung Sul tinha 158 baptizados. Esta região tem uma população de 9-10 milhões de habitantes. Pode-se considerar que é uma boa parte mérito do Pe. José o facto de que a sua morte, a região tivesse 40.000 católicos baptizados, e o mesmo número de catecúmenos.
O Pe. Anzer foi nomeado Vigário Apostólico, de Shan-tung, ficando o Pe. José como administrador, organizador e primeiro a fundar a maior parte dos postos missionários, nos primeiros anos. O método que seguiram foi fundamentalmente a fundação de muitas comunidades cristãs que se espalharam por todo o território. Os missionários não viviam concentrados em grandes "estações missionárias" – como era costume na altura – obrigando a grandes caminhadas aos fiéis. Pelo contrário, os missionários assumiram ocupar-se destas jovens comunidades, obrigando-se a grandes viagens por caminhos infernais a cavalo, ou em carretas pouco confortáveis. Este tipo de trabalho exigia um espírito de sacrifício bem real, e uma facilidade para adaptação à vida e pensamento chinês.
O Pe. José sempre aceitou as zonas onde ainda não havia cristãos. Mesmo se tinha desejos de baptizar o mais possível, não se apressa nunca a administrar o sacramento; já no seu tempo exigia um catecumenato de dois anos, interessando-se do aprofundamento da fé dos fiéis, pregando para eles retiros anuais nas aldeias, o que significa uma grande carga de trabalho: palestras, homilias e confissões.
Não devemos esquecer como o Pe. José reza pelo seu povo, e como ele sempre pedia aos outros de o fazerem também. Á tardinha, diante do Ssmo. Sacramento, ele apresenta ao Senhor as intenções dos chineses e da missão. E pede o mesmo aos benfeitores, aos familiares: «Não esqueçam de orar por nós, é o mais importante!».

### Amor profundo
A atitude do Pe. José é respeito dos chineses caracteriza-se pela estimação, a confiança, a prudência e um amor profundo. Escreve a um amigo, num período politicamente difícil: «Me perguntas se eu não deveria voltar a Europa. Bem gostaria encontrar os velhos amigos, se sou franco; mas posso- te dizer que voltar para Europa seria para mim a mais pesada das cruzes. Não quero deixar os meus chineses e considero um grande dom poder viver e morrer entre eles»
Noto que em Europa tem-se formado uma corrente negativa ao respeito da China nestes últimos tempos. Mas estou convencido que eles são o povo melhor do mundo, que constituem um povo magnífico que possui as melhores qualidades. Os missionários mais velhos com os que falei disto são da mesma opinião. Os juízos negativos provêm normalmente de prejuízos, da antipatia e de gentes que jamais trataram com chineses, mesmo depois de muitos anos de viver em Pequim. Não é surpreendente que eles tenham os seus defeitos. Mas acaso não os temos nós, povos cristãos?».
Assim podia dizer aos seus colegas: «A linguagem do amor é a única que é compreendida por todos!».
Quanto mais esteve entre os chineses mais gostava deles. Sentia-se orgulhoso dos seus irmãos cristãos, sobre tudo das crianças. Um dos seus confrades escreve ao respeito: «A sua infatigável bondade, a sua paciência, o seu amor desinteressado ganhavam os corações. Escutava atentamente os seus problemas e necessidades, e quando estava na sua mão sempre ajudava. Todos podiam aproximar-se dele, quer nos bons como nos maus tempos. Terminadas as suas orações era normal encontrar um monte de gente na sua porta».

### Reacção do povo chinês
As palavras dirigidas aos seus confrades, pouco antes da sua morte, por ocasião de um retiro, manifestam bem o que foi toda a sua vida: «O trabalho missionário é nulo sem amar e ser amado». A sua família escreveu: «No que me concerne, amo os meus queridos chineses e não tenho outro desejo do que viver e morrer entre eles. Sou mais chinês do que tirolês, e quisera ser chinês no céu. O meu único desejo é que os meus ossos repousem num cemitério chinês...»
Muitos testemunhos confirmam que estes sentimentos foram recíprocos, e que o ser amado foi para ele uma constante fonte de coragem. Naturalmente que isto provocou não poucos sentimentos de ciúme entre os seus. Os missionários e os cristãos chamaram-no "a mãe da missão". E quando a sua morte, um cristão declarou: «Sinto como se tivesse perdido o meu pai e a minha mãe».
O primeiro cardeal chinês, Tomas T'ien svd, que conheceu o Pe. José quando era jovem, disse dele, numa entrevista: «Era considerado um santo por todos os cristãos. É como Confúcio, diziam os cristãos, em quem tudo e bom e perfeito. Sempre humilde e amistoso. Todos os que o tratavam ficavam profundamente impressionados e consolados pela sua presença. Todos o respeitavam como algo de precioso... Um velho catequista, Yenyu-fung, de Yang-ku, tinha um forte espírito de contradição. Não encontrava nada de bom nos missionários estrangeiros. Mas havia uma coisa em que ele não podia menos do que estar de acordo: «Fu Shen-Fu é um santo. Ele não é como os outros. É um santo, um homem perfeito».
O Pe. José Freinademetz morreu o dia 28 de Janeiro de 1908.
Um dos seus confrades, o Pe. Stenz svd escreveu ao Pe. Arnaldo Janssen: «O cálice mais duro que podia tocar beber a nossa missão, tocou-nos. Perto das 18,00 horas, o nosso bom vigário morreu de febre tifóide... O que ele foi para nós, ninguém o pode imaginar».
Foi enterrado no cemitério de Taikia, perante a 12ª Estação da Via-sacra. Desgraçadamente, o seu túmulo não existe mais. Foi profanado durante a Revolução Cultural dos anos 60.
Junto com o Pe. Arnaldo Janssen foi Beatificado pelo Papa Paulo VI no domingo das Missões do ano 1979. E juntos também foram Canonizados pelo Papa João Paulo II no Domingo das Missões, 04 de Outubro de 2003, para Gloria da Santíssima Trindade e edificação do Povo Santo de Deus.

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